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Sônia Apolinário

Backer usa substância não recomendada pela Abracerva por ser tóxica

A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) encaminhou na segunda-feira (13), nota técnica às cervejarias associadas com orientações para a prevenção de incidentes com contaminação indireta de cervejas. A primeira recomendação diz que “em hipótese alguma" deve-se "utilizar mono ou dietileno glicol como agente anticongelante nos sistemas de refrigeração indireta". No mesmo dia, a cervejaria mineira Backer informou, por intermédio de comunicado, fazer uso de monoetilenoglicol.

A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a relação entre o consumo da cerveja Belorizontina, produzida pela Backer, em casos de síndrome nefroneural. Onze casos foram identificados, sendo um fatal, em Juiz de Fora.

A substância dietilenoglicol foi encontrada, até agora, em três lotes do rótulo: L1 1348, L2 1348 e L2 1354.

Em sua defesa, a Backer tem afirmado não fazer uso de dietilenoglicol. Em comunicado divulgado, também na segunda-feira 13, a cervejaria informa que “em seu processo produtivo utiliza, exclusivamente, o agente monoetilenoglicol”.

Lupulinário perguntou ao presidente da Abracerva, Carlo Giovanni Lapolli, porque monoetilenoglicol não pode ser usado pelas cervejarias.

“Porque não é de grau alimentício. É tóxico”, respondeu ele, acrescentando: “A substância também é tóxica para o organismo com dose letal oral de 786 miligramas por quilo. Já para o dietilenoglicol, a dose letal é de 0,014 mg a 0,170 miligrama por quilo, ou seja, esse segundo é muito mais letal que o monoetilenoglicol.”

Indagado se monoetilenoglicol pode se transformar em dietilenoglicol, Lapolli respondeu: "Não acredito".

Além da nota técnica, a Abracerva solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a proibição cautelar do uso de Etileno Glicol em fábricas de cerveja. A medida sugere a edição de uma norma dedicada ao setor. A sugestão é que passem a ser permitidas apenas o uso de “substâncias de grau alimentício em virtude da possibilidade incidental de contato com a cerveja nas etapas de fabricação”.

A nota técnica contém sete recomendações:

  1. Em hipótese alguma utilizar o mono ou dietileno glicol como agente anticongelante nos sistemas de refrigeração indireta.

  2. Sejam utilizados produtos apropriados e de grau alimentício, tais como: álcool etílico potável ou propileno glicol nos sistemas que possam ter contato incidental com a cerveja e substituir fluidos que não tenha grau alimentício de imediato.

  3. Revisão preventiva imediata de equipamentos e pontos críticos de contaminação envolvendo estes processos.

  4. Revisão das normas internas de controle, inspeção e manutenção dos equipamentos envolvidos nos processos de resfriamento, com a rotineira inspeção destes pontos.

  5. Instalação de sensores de nível do reservatório do sistema de refrigeração dotados de alarmes, para detecção de vazamentos.

  6. Utilização de corantes e ou saborizantes de grau alimentício para visualização de vazamentos.

  7. Revisar o treinamento dos colaboradores nos procedimentos que podem levar a contaminação do produto nestas circunstâncias.

A cervejaria Backer encontra-se interditada pelo Mapa, desde o dia 10 de janeiro.

Íntegra do comunicado da Backer:

"Nesse momento, a Backer mantém o foco nos pacientes e em seus familiares. A empresa prestará o suporte necessário, mesmo antes de qualquer conclusão sobre o episódio. Desde já se coloca à disposição para o que eles precisarem.

A cervejaria informa que continua colaborando, sem restrições, com as investigações. A empresa segue apurando internamente o que poderia ter ocorrido com os lotes de cerveja apontados pela Polícia. A Backer adianta que, na semana passada, solicitou uma perícia independente e aguarda os resultados. Reitera que, em seu processo produtivo, utiliza, exclusivamente, o agente monoetilenoglicol".

Íntegra da nota técnica, aqui

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