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Sônia Apolinário

No Rio, começa o festival que é um Mimo

Em pleno carnaval de Olinda, em Pernambuco, um jovem atira uma garrafa de cerveja vazia na porta da Igreja da Sé. Os cacos atingem em cheio a alma da produtora musical Lu Araújo. Ela decide que aquele patrimônio histórico receberia outro tipo de tratamento. Um tempo depois, nascia a Mostra Internacional de Música em Olinda, o Mimo Festival. Isso foi há 14 anos. Hoje, dia 10, começa a edição 2017 tendo o Rio de Janeiro como cenário para a programação. Até domingo, uma série de atrações ocuparão igrejas, teatros, museus e a Marina da Glória. Pode chegar porque é tudo grátis.

Desde a sua primeira edição, o Mimo se mantém fiel a alguns princípios: ocupação do patrimônio histórico, shows musicais com artistas dos mais diversos estilos, exibição de filmes que tenham alguma relação com música e entrada gratuita em todas as atrações.

Desde a sua primeira edição, o Mimo cresceu e apareceu. O pianista Nelson Freire foi o artista que inaugurou o festival, ao se apresentar na catedral de Olinda.

“Ele veio da França especialmente para o Mimo. Eu estava apavorada achando que não apareceria ninguém na igreja. Naquela época, o mangue beat estava muito forte em Olinda. Perto da hora da apresentação, quando chego na catedral, qual foi a minha surpresa: tinha uma fila gigante aguardando as portas se abrirem. Duas mil pessoas assistiram aquela apresentação dentro da igreja. Muita gente ficou do lado de fora”, recorda Lu, uma paulista que, ainda criança passou a morar no Rio, por conta da mudança de endereço da família.

A cada ano, o Mimo reúne mais público e se desloca. Em 2012, chegou pela primeira vez em Ouro Preto (MG). Agora, Tiradentes (MG) e Paraty (RJ) também fazem parte do circuito por onde o festival passa, antes de chegar ao Rio. Ano passado, o Mimo cruzou o Atlântico e se instalou na cidade portuguesa de Amarante. Será lá, entre os dias 20 e 22 de julho de 2018 que o festival dá início às comemorações pelos seus 15 anos de plena atividade.

Se na primeira edição, a programação foi formada por cinco concertos e dois filmes, agora, no Rio, são dezenas as atrações. A maioria, acontece na Marina da Gloria, onde só será possível entrar mediante apresentação da senha que começou a ser distribuída em outubro. A expectativa de público desta edição carioca do Mimo é de 45 mil pessoas.

“Desde o início, meu objetivo era trazer para o festival a música instrumental e artistas dos mais variados para fazer uma mistura de linguagens. O cinema sempre me pareceu uma complementação natural a tudo isso, uma forma de mostrar outros ângulos dos artistas. E olha que quando tudo começou, eram poucas as produções que tinham relação com música”, observa Lu cujo envolvimento com a música começou em casa, uma vez que o pai teve uma loja de discos – e ela também, mais tarde.

Quando a última atração terminar sua apresentação no último dia do Mimo carioca, a trupe do evento, formada por cerca de 600 pessoas, levanta acampamento e segue para Olinda, onde o festival acontece entre os dias 17 e 19 e encerra a temporada 2017.

“O Mimo mostra que é possível conviver com o patrimônio histórico, que a memória não precisa ser algo mofado”, afirma Lu.

Atrações do Mimo Rio 2017

A abertura do festival será sexta-feira, dia 10, às 18h30 com a apresentação do violonista francês Didier Lockwood, na Igreja da Candelária, no Centro da cidade. Também às 18h30, o Dj Montano começa a “ocupação” da Marina da Glória que seguirá até meia-noite quando se apresenta o grupo colombiano Ondatrópica.

Antes, porém, logo pela manhã, começa a programação de workshops no Museu da República, no Catete.

No Cine Odeon, na Cinelândia, também hoje, o destaque fica por conta do fillme “Na Via Láctea”, de Emir Kusturica, em primeira exibição no país, às 20h30.

No último dia, a Chuva de Poesia, às 16h, na Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, na Glória, promete emocionar.

Veja o trailer do filme "Na Via Láctea"

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