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Sônia Apolinário

Mistura Clássica abre sua casa para apresentar suas Catharinas

Reestruturação interna e nova gestão. Busca de uma regularidade no padrão de qualidade da produção; reformulação das receitas dos principais rótulos lançados e criações de outros mais experimentais. Essa linha "tudo ao mesmo tempo agora", é o momento pelo qual passa a Mistura Clássica. Foi preciso debutar no mercado para a cervejaria dar uma sacudida na marca.

Quinze anos depois de criada, a fábrica, atualmente instalada em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro, perdeu a timidez. Na última terça-feira (dia 26), para lançar três Catharinas (açaí, goiaba e pitanga com acerola), a cervejaria abriu as portas de casa – literalmente. Os convidados foram recebidos na casa dos donos da cervejaria, na ilha Comprida, em Angra dos Reis, distante cerca de 1 hora de barco do estaleiro Verolme, onde a fábrica está instalada. Marta Ribeiro foi a anfitriã do evento.

A Mistura Clássica foi criada há 15 anos, em Volta Redonda, município do sul Fluminense. Inicialmente, tinha como objetivo apenas fornecer chope para a rede de pizzarias dos donos do negócio, também proprietários de postos de gasolina.

Levou um certo tempo para o grupo econômico perceber que estava diante de um negócio que poderia ser protagonista e não apenas coadjuvante. Aos poucos, a Mistura cresceu. O salto principal foi dado há cerca de dois anos, com a transferência da fábrica para Angra dos Reis.

Há oito meses, a Mistura vem passando por um processo de reestruturação. Dele fez parte aquisição de novos equipamentos e modificações na equipe. No momento, tem muita “gente nova” na casa, em vários setores. Todos participaram da festa de lançamento das Catharinas.

“Sim, somos uma empresa familiar e queríamos que todos se sentissem em casa. Por isso realizamos o evento na ilha”, comenta Marta.

Abrir pontos de venda está nos planos e a região da “casa original” faz parte do roteiro de expansão. Assim, o Sul Fluminense e o Rio de Janeiro ganharão sete containers da Mistura Clássica, em breve.

Marta evita usar a palavra “ruptura” para definir o processo pelo qual a cervejaria vem passando. Prefere dizer que foi uma “necessidade” de reestruturação. Segundo ela, era “preciso ter peito” para passar pela crise. Era isso ou desistir.

A Mistura é clássica e disso, afirma Marta, a empresa não apenas se orgulha, mas acredita ser fundamental para o plano de negócios da empresa. Afinal, além de produzir seus rótulos, a fábrica atende ciganos. Isso significa trabalhar com públicos diferentes, na hora de produzir.

Para atender públicos diferentes, na hora de consumir, rótulos experimentais e linhas mais exclusivas estão sendo produzidas – tarefa a cargo do cervejeiro Marcos Guerra.

“Quem está começando a beber artesanal, a Mistura atende bem. Quem está mais

acostumado, também atendemos”, afirma Marta, no que o consultor Gustavo Renha completa: “É preciso educar o público e buscar o equilíbrio entre oferecer os rótulos de linha e a novidade”.

As cervejas

Está nas mãos do cervejeiro Marcos Guerra acabar com a principal crítica que costuma acompanhar as produções da Mistura Clássica: falta de regularidade no padrão de qualidade.

Sim, ele admite que isso acontecia, mas afirma que essa situação “já faz faz parte de um passado que machuca a marca”. Sua chegada à cervejaria foi justamente para resolver esse problema.

O paulista Marcos foi “importado” de Santa Catarina e, em dezembro, completará 20 anos como profissional de cervejaria. Nascido em Campos do Jordão, ele é cria da Baden Baden onde trabalhou por nove anos. Os últimos dez passou, na maior parte do tempo, na cidade de Lauro Muller, na Cervejaria Lohn, conhecida por suas cervejas de personalidade marcante e também pelas Catharina Sours.

Das três que a Mistura lança no mercado este mês, após o Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau (SC), a de goiaba (já disponível em garrafa) “participou” do Mondial de La Bière do ano passado e ganhou medalha de ouro. Em Blumenau também será lançada a Crazy, uma NE IPA.

“Nas Catharinas, usamos uma mesma base e distribuímos pelas frutas. Isso facilita a fabricação”, explica Marcos que é da opinião que os apreciadores de cerveja do sul do país estão “mais acostumados” com cervejas ácidas do que os do Rio de Janeiro.

Por conta da sua transferência de endereço, ele também estranhou o fato de, no Rio, o consumidor rejeitar cerveja Pilsen com grau de amargor mais elevado. Segundo ele, enquanto no Sul, o comum é fazer o estilo com 14 IBU, no sudeste não dá para passar de 11 IBU.

Marcos também observa que, por aqui, a quantidade de lançamentos feitos pelas marcas é bem maior do que no sul do país:

“Não se produz uma receita 100% correta, de cara, no primeiro lote. Uma cerveja vai se afinando entre o terceiro e o quarto lotes. Por conta desses lançamentos, muita gente bebe cerveja que ainda não está dentro do padrão que a bebida deveria estar”, comenta.

Na Mistura, ele está recriando integralmente as receitas de clássicos da marca como Vertigem, Amnésia, Euforia e Beatos. Segundo o cervejeiro, são rótulos que já têm boa aceitação do público. Não abandoná-los, apesar das novas receitas, foi uma decisão estratégica da empresa.

Marcos acredita que o consumidor de cerveja artesanal “evoluiu”, por que passou a ter como experimentar mais e também a se aprimorar mais, em cursos de beer sommelier. Segundo ele, a Mistura acredita que esse público vai identificar melhoria nos rótulos tradicionais e ficará satisfeito com isso.

“O mercado mudou, o cliente evoluiu, mas o produto não acompanhou essa mudança. Por isso estamos refazendo as receitas”, afirma ele que vem alterando a “queridinha” Layla gradativamente.

Para o inverno, a Panhead, a American Stout lançada em 2013, também vai mudar e ganhar mais aroma e sabor de especiarias em detrimento do café original.

A linha experimental batizada Mar e Guerra que começou a ser desenvolvida ano passado, seguirá firme e forte este ano. São cervejas que maturam em barris guardados no fundo do mar. No momento, nos arredores do cais que dá acesso à casa da ilha Comprido, estão “mergulhados” um barril com Layla Mar e Guerra (Imperial Stout com framboesa), outro com uma Catharina Sour com maracujá e mais um com uma futura Dark Sour, feita com amora preta.

“O mar é um teste. Atua na cerveja com vários fatores como a pressão atmosférica que pode fazer com que as leveduras produzam ésteres diferentes. Tem também a umidade na madeira e a própria água salgada do mar. A fábrica está em Angra dos Reis e o mar é um elemento que faz parte da vida do lugar. Por isso nos voltamos para essa experiência”, conta Marcos.

Ele prepara também uma nova linha para a Mistura, a Verolme. Serão garrafas de 750 ml, numeradas, voltadas para as festas de final de ano. Dessa linha fará parte a Verolme Grand Cru, Cuvé, Reserva e Prestigie.

Na casa, porém, a grande produção de Marcos,que está sendo aguardada, é uma colaborativa, prevista para chegar em maio: o nascimento do terceiro filho, Theodoro, concebido já em terras fluminenses.

Harmonizações

Veja as dicas do consultor da Mistura Clássica, o beer sommelier Gustavo Renha, para ter uma melhor experiência com as novas Catharinas da cervejaria. Todas têm 4,4% de teor alcoólico e 8 IBU:

Catharina Açaí: carne vermelha, legumes cozidos ou grelhados

Catharina Goiaba: doces à base de frutas vermelhas e chocolate

Catharina Pitanga com acerola: saladas, risoto de base ácida como limão siciliano, peixe, doces de frutas claras como limão, maracujá ou abacaxi

Veja mais fotos no Instagram em @lupulinário

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