Documentário contra a história do desmoronamento do edifício Palace II
- Sônia Apolinário
- 17 de jul. de 2019
- 2 min de leitura
Na madrugada de 22 de fevereiro de 1998, parte do prédio Palace II, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, desabou deixando oito mortos e mais de 170 famílias desabrigadas. O prédio foi planejado pela construtora brasileira Sersan, do então deputado federal Sérgio Naya. Passados 21 anos, a maior parte dos ex-moradores não recebeu a indenização. O documentário ‘Palace II – 3 quartos com vista para o mar’, conta essa história e poderá ser visto a partir de amanhã (quinta-feira, 18), em cinemas do Rio de Janeiro.
Com direção de Rafael Machado, o filme retrata desde o momento em que os moradores percebem que o prédio está desabando, e segue a trajetória das vítimas ao longo desses 21 anos, por meio de depoimentos atuais e materiais de acervo de emissoras de televisão.
Aborda também as denúncias sobre os graves problemas de engenharia ocorridos durante a construção do prédio que vão desde a má qualidade do material utilizado a erros de cálculo. Segundo o diretor, questões política e de poder impedem a definição da sentença judicial e o pagamento integral das indenizações. Sérgio Naya não foi condenado e faleceu em 2009, deixando milhões em dívidas e o maior processo civil da América Latina.
“Esta é uma das maiores tragédias na história da engenharia civil brasileira e um marco histórico da impunidade no país”, comenta o diretor. “Famílias de classe média investiram tudo o que tinham para a realização do sonho de morar num apartamento próprio, perto de uma das mais belas praias do Rio de Janeiro. Da noite para o dia, literalmente, se viram sem nada, só com a roupa do corpo. Além de terem que conviver com a dor das perdas e os traumas, tiveram que travar uma disputa judicial perversa contra a construtora Sersan. Sérgio Naya nunca assumiu a responsabilidade pelo desastre e muito menos se sensibilizou com o sofrimento das famílias”.
Rafael conta que o filme revela fatos ainda não expostos à opinião pública e mostra como ameaças de morte, juízes vilões e chantagens ajudaram a construir essa trama. De acordo com o diretor, o documentário, que foi exibido ano passado, Festival do Rio, busca dar voz às vítimas “que seguem sem resposta”.

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