Tour guiado pela Pequena África passeia pela origem da alma carioca
Na zona portuária do Rio de Janeiro, uma área que engloba os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, além de trechos do Centro, formam a região batizada como Pequena África. Primeira morada dos africanos escravizados e seus descendentes que chegaram ao Rio de Janeiro, o local é o berço da chamada “alma carioca” – não por acaso, foi lá que o samba nasceu. No próximo sábado (3), vai ser possível passear por essa História com um tour a pé guiado pela agência de turismo Sou + Carioca, em parceria com o projeto “O Rio Não é Só Praia”. O tour é pago.
O passeio começa às 9h30 e tem a duração de 3h30. O ponto de partida é o Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá. Termina em frente ao Mural das Etnias, no Boulevard Olímpico, na Gamboa. O tour passa pelo Largo da Prainha, Morro da Conceição, Jardim Suspenso do Valongo e Cais do Valongo, que recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, em 2017, por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.
O cais foi construído em 1811. Durante 20 anos, foi local de desembarque e comércio de escravizados africanos. Estima-se que entre 500 mil e um milhão deles passaram pelo Valongo. Antes, os escravizados chegavam ao Rio de Janeiro pela Praia do Peixe, atual Praça 15. Porém, o então vice-rei, o segundo Marquês de Lavradio, Dom Luís de Almeida Portugal Soares, ordenou que o desembarque fosse transferido para um local mais afastado “das principais vias” da cidade porque os africanos tinham “o terrível costume de chegar nus".
O tráfico de escravos foi banido em 1831, mas continuou ilegalmente no país até a escravidão ser abolida, em 1888. O Cais do Valongo ficou por décadas aterrado. Foi “descoberto” durante o trabalho de revitalização da zona portuária do Rio por conta das Olimpíadas de 2016.
No Jardim Suspenso do Valongo funciona o Centro Cultural Pequena África. Instalado na Casa da Guarda, o espaço tem como objetivo resgatar e preservar os valores culturais da região. Atualmente, nesta área, se encontram comunidades remanescentes de quilombos da Pedra do Sal e Santo Cristo. Foi o sambista Heitor dos Prazeres, no inicio do século 20, que batizou aquela área como Pequena África.
O tour custa R$ 30,00 por pessoa. Ingressos podem ser adquiridos aqui.
Documentário
A região acabou por se tornar o berço da alma carioca, como conta o documentário “Porto
da Pequena África”, da jornalista e escritora Claudia Mattos. Além do samba, o próprio futebol, a dita “malandragem” e algumas rebeliões sociais são “crias” daquela área da cidade.
Apresentado em festivais, o documentário, com 90 minutos de duração, está para estrear em canais de TV pagos. Aqui, poderá ser visto, gratuitamente, até domingo (4 de agosto).
Veja também o trailer do documentário
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