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Sônia Apolinário

Em Teresópolis, a cigana Mad Brew assume o controle da cervejaria Soul Terê

Teve aquisição cervejeira em Teresópolis (RJ). A Mad Brew assumiu o controle da Soul Terê e, assim, deu adeus à vida cigana. E era exatamente na fábrica que agora lhe pertence que a Mad Brew produzia suas cervejas. Até então, em uma média de 4 mil litros por mês, que devem pular para 10 mil litros por mês.


Isso tudo para atender uma demanda crescente, que a Mad Brew vem fomentando há menos de um ano. Sim, a expansão da marca é quase um “efeito colateral” da pandemia do Coronavírus. Willian Pacheco, um dos sócios da Mad Brew, explica:


“A aquisição foi importante por conta do nosso novo modelo de negócio. Com a pandemia, fomos levados a nos reinventar e deixar de ser cigano faz parte disso”.


A reinvenção a que Willian se refere chegou na forma de um taproom. Até a pandemia, a Mad Brew era mais uma marca cigana que participava de tudo quanto era evento e vendia seus rótulos para os mais diversos PDVs. Quando os eventos sumiram e bares, restaurantes e lojas foram obrigados a fechar por conta das medidas restritivas de combate ao coronavirus, a cervejaria se viu com estoque alto nas mãos. Passou, então, a vender diretamente para os consumidores.


Willian conta que havia uma “ideia vaga” entre os sócios de abrir um ponto de venda próprio, quem sabe um dia. Entenderam que era chegada a hora e partiram para a ação. Em dezembro do ano passado, abriram um taproom-steak house no bairro Alto. Com o gradativo retorno das atividades de bares e restaurantes, o público foi chegando ao novo local, uma mistura de pub com restaurante. E a demanda da Mad Brew aumentou.


“Como o pessoal da Soul Terê estava com interesse em sair do mercado, começamos a conversar. Nós estávamos precisando aumentar a produção e já estávamos trabalhando com outras duas fábricas. Com a aquisição, acabamos por assumir a fábrica, a operação e os clientes da cervejaria. Gradualmente, vamos eliminar os rótulos da Soul Terê, seja encerrando a produção ou passando a produzir a receita com a nossa marca. Pensamos em criar novos rótulos, fazer sazonais e colabs e envasar alguns deles”, conta Willian.


A fábrica da Soul Terê tem capacidade para 14 mil litros por mês. Além da Mad Brew, atendia outros ciganos (Rabugentos, Favre Baum, Mito, Belgarioca e Sun of the Beach). E todos poderão continuar a produzir por lá.


Segundo Willian, mais ciganos, inclusive, são bem-vindos. Mesmo sabendo que a demanda da Mad Brew vai aumentar ainda mais com a abertura de um novo negócio até outubro, também em Teresópolis. Abrir outros, taprooms em outras cidades, faz parte dos planos de curto e médio prazo.


No momento, o sócio Pedro Paiva, que ficará à frente da fábrica, está “descobrindo” os equipamentos e suas manhas, devidamente acompanhado dos ex-donos da Soul Terê. Em agosto, a Mad Brew pretende abrir o bar da fábrica (que fica no bairro rural Vargem Grande, distante 35 Km do taproom). Também em breve, serão agendados beer tours.


A antiga marca cigana chegou ao mercado em 2018. Willian (na foto, ao centro) é amigo de Pedro (à direita) há pelo menos 15 anos. Foi o amigo, cervejeiro caseiro, junto com o pai (Paulo Nolasco, também sócio, à esquerda) que tiveram a ideia de ter um negócio no ramo. Willian, administrador por formação, nunca tinha pensado sobre isso, mas também não se fez de rogado e topou. Na hora.


“Não foi difícil me convencerem. Ao contrário. Porém, várias vezes coloquei as mãos na cabeça e perguntei onde tinha me metido. É uma realidade difícil, diante de um mercado diluído. Foram anos sem lucro, reinvestindo o que entrava, buscando mais dinheiro para colocar na cervejaria. Por mais incrível que pareça, a pandemia foi a virada do nosso negócio. Se hoje tivemos essa conquista, ela é fruto da insistência”, comenta Willian.




Atualmente, a Mad Brew tem nove rótulos. Dentre eles, o “queridinho” como Willian admite, é a American IPA Hop Obsession que, em 2019, levou medalha de prata no estilo na Copa Brasil (concurso da Abracerva). No taproom, se a Pilsen (Pill Zen) é a best-seller, a Hop Obsession se mantém firme com a segunda colocação, dentre as cervejas mais vendidas. Os outros rótulos da marca são: Weisstein (Weiss), Witchbier (Witbier), Hot Mind (Summer Ale), Freak Lab (Sour com maracujá, laranja e goiaba), Red Alert (Red Ale), Alienation (APA) e The Walking Mad (New England Double IPA).


Apostar em outros tipos de bebida além da cerveja não faz parte dos planos da Mad Brew. No taproom, até se encontra gim em uma das dez torneiras e cachaça. Porém, nesse caso, como explica Willian, a preferência é abastecer a casa com produtores da região. Willian aposta e (recomenda) a criação de parcerias locais. Não por acaso, a Mad Brew faz parte da Rota Cervejeira RJ que reúne marcas da região serrana do Rio de Janeiro. Porque, na sua opinião, concorrência não exclui ajuda mútua.


Mas, o que o ex-cigano tem a dizer, hoje, sobre esse modelo de negócio?

“Acredito que ser cigano é importante para começar, para ganhar alguma escala. Mas não é um modelo sustentável, a longo prazo. Muita gente que era cervejeiro caseiro achou que seria cool ter uma marca. Porém, ter uma cervejaria envolve muita coisa além de fazer a própria cerveja e, muitas vezes, o cigano, sozinho, não consegue atender todas as necessidades, todos os conhecimentos que uma cervejaria exige. Nosso mercado ainda

não está muito profissionalizado”.


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