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Sônia Apolinário

Empreendedorismo de Niterói de biquíni novo

Niterói é a 15ª cidade mais empreendedora do Brasil. O dado é do Índice de Cidades Empreendedoras (ICE), realizado pela consultoria Endeavor em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Quando se trata de capital humano, o município sobe, no estudo, para a terceira posição. Ou seja, na cidade existe a conjugação de talento com iniciativa.


Praia de Piratininga, região oceânica de Niterói


Um exemplo desse quadro é a niteroiense Juliana Marsillac. Aos 23 anos, em plena pandemia, acabou de lançar a grife de moda praia SoLua. Recém-formada em Administração, ela decidiu acertar dois coelhos com uma só tacada: não ficar esperando que um emprego caísse do céu e ter, finalmente, um biquíni que lhe deixasse confortável, uma vez que não se adequa às modelagens disponíveis nas lojas.


O estudo


Para a realização do ICE foram analisados os cenários das 100 cidades mais populosas do país, avaliando as condições relacionadas a ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. Em primeiro lugar no Índice de Cidades Empreendedoras ficou a cidade de São Paulo (SP) e, em segundo lugar, Florianópolis (SC).


No pilar capital humano, Niterói aparece na terceira posição. Para esta análise, foram levados em consideração fatores como alto desempenho dos alunos no Enem, alta proporção de adultos com ensino médio completo, de matriculados no ensino técnico e profissionalizante, de adultos com ensino superior completo e de alunos com formação superior em cursos avaliados como sendo de alta qualidade.


“Temos um dos maiores percentuais de universitários do país, com aproximadamente um quinto da população. Os talentos são realmente o nosso maior ativo para promover o desenvolvimento econômico e a inovação. Não por acaso estamos investindo mais de R$ 25 milhões em projetos aplicados de pesquisas para a solução de problemas no município em parceria com a UFF. Foram mais de 70 projetos aprovados que estão iniciando a implementação neste ano”, destacou a secretária municipal de Fazenda, Marília Ortiz.


A prática

Juliana Marsillac (foto) tem 23 anos. Durante toda sua adolescência evitou ir à praia. Para os amigos dizia apenas que não gostava desse tipo de programa. Porém, o que ela não gostava, mesmo, era do próprio corpo. Pelos padrões de beleza atuais, ela se considerava gorda. Seios fartos, não tinha biquíni ou maiô que a fizesse se sentir confortável.


Em 2019 ela fez ciruriga de redução de mamas – retirou 400 gramas de cada uma delas. E nem assim, achou um biquíni que lhe desse ânimo de, finalmente, ir à praia com regularidade.


“Os biquínis não ficam certos no corpo. O que parece é que são feitos para pessoas magras com poucos seios”, comenta. "Percebi que é um mercado que necessita de atenção".


Moradora de Piratininga, na região oceânica, ela decidiu que desenharia o próprio biquíni e arrumaria uma costureira para confeccioná-lo. Mas e se mais garotas tiverem as mesmas dificuldades que ela? E se ao invés de uma única peça, criasse várias? Cogita daqui, cogita dali e Juliana lançou, em pleno verão do Covid, a marca SoLua.


É verdade que ela nem sabia onde comprar o material para as peças. Nem qual seria o melhor material. Quebrou a cabeça, pesquisou, pediu conselhos a costureiras, respirou fundo e foi às compras. Suas peças são dupla face com proteção UV 50+ e vão do tamanho P ao GG, mas ela pretende ampliar a grade em breve. Na sua marca, ela veste M.


“Com meus biquínis, ninguém vai pagar petinho”, brinca


Juliana só se deu conta que tinha virado empreendedora quando começou a batalhar as vendas dos biquínis. Na sua opinião, ter a própria empresa pode ser o melhor negócio em uma época de poucos empregos e oportunidades para quem está entrando no mercado de trabalho, como ela.


A maior dificuldade, segundo Juliana, foi falta de informação generalizada sobre o negócio. Já a gestão, ela acha que vai ser mais fácil de fazer. Afinal, aprendeu muitas coisas na faculdade de Administração.


Ela conta que a maior emoção, até o momento, foi fazer a primeira venda. Ok, a compradora foi a própria cunhada, mas foi uma venda.


“Vou estudar mais para me aprimorar e, quem sabe, criar também peças para os rapazes. Eles gostam de usar bermudas nas praias, mas muitos ficam com as coxas assadas por conta do atrito do tecido”, afirma Juliana que, para criar sua futura moda praia masculina, já garantiu uma consultoria importante: do namorado Lucas, que adora praia.


As vendas da marca SoLua são apenas online. Ter uma loja, por enquanto, é um sonho. Mas quem sabe, os planos da prefeitura de Niterói para fomentar o empreendedorismo na cidade pode ajudar a tornar esse sonho uma realidade.


Mel Mattos Isa Navarro




Fotos: Piratininga, Getty Images; biquínis, divulgação SoLua

Fonte estudo ICE: Assessoria de Imprensa Prefeitura de Niterói

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