Exposição sobre as Ilhas Cagarras aterrissa no aeroporto Santos Dumont
- Sônia Apolinário
- 22 de dez. de 2021
- 3 min de leitura
Quem chega no Rio de Janeiro pelo Santos Dumont já tem programação garantida, antes mesmo de sair do aeroporto. Em plena área de desembarque foi montada a exposição "Nas Asas da Ciência – um voo pelas Ilhas Cagarras, que poderá ser vista até 20 de fevereiro.

O Arquipélago das Ilhas Cagarras, localizado entre 3,8 e 9,1 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, no sul da praia de Ipanema, foi visitado pelo naturalista Charles Darwin, no ano de 1832. Com a mostra, será possível conhecer melhor, por exemplo, caranguejos, conchas, corais, esponjas e estrelas-do-mar encontrados no local.
Os destaques são os exemplares taxidermizados, popularmente chamados de “empalhados”, como as aves marinhas atobá-marrom e fragata e o peixe mero com mais de um metro de comprimento. A exposição, que ocupa uma área de 280 metros quadrados, traz ainda artefatos arqueológicos como machados de pedra polida e cerâmicas, que registram a presença indígena tupi-guarani no local desde o século 15.
O Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MoNa Cagarras) é uma unidade de conservação integral desde 2010. Segundo o pesquisador Fernando Moraes, um dos organizadores da exposição, o local abriga espécies endêmicas, raras e ameaçadas de extinção.
“As Ilhas Cagarras têm grande valor paisagístico, cultural e ecossistêmico para os moradores do Rio de Janeiro e para os turistas que visitam a cidade. Grande parte dos voos que chegam e partem da cidade sobrevoa esse cartão postal natural. O público terá a oportunidade de contemplar a rica biodiversidade da região, conhecer uma parte singular da história indígena do Brasil e se aproximar dos resultados científicos produzidos por diversas linhas de pesquisa na unidade de conservação”, explica Moraes.
De acordo com a diretora adjunta de Integração Museu e Sociedade do Museu Nacional, Juliana Sayão, a exposição traz peças que nunca foram apresentadas ao público. Trata-se da mais nova peça preparada no Setor de Taxidermia do Museu Nacional, uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) de quase 50 kg, que foi encontrada no entorno das Ilhas Cagarras por pescadores artesanais da Colônia de Copacabana e doada ao Departamento de Vertebrados da instituição
A mostra também apresenta cerca de 50 exemplares de espécies e grupos zoológicos da Coleção Didático-Científica da Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional/UFRJ.
Ilhas Cagarras

A unidade de conservação do arquipélago abrange seis ilhas e ilhotas (Cagarras, Filhote da Cagarra, das Palmas, Comprida, Redonda e Filhote da Redonda), além da área marinha no raio de dez metros de cada uma, protegendo ecossistemas terrestres e marinhos com reconhecida importância internacional, já que o local abriga espécies endêmicas, que só existem nas Ilhas Cagarras. Entre elas está uma espécie de pererequinha-de-bromélia (Scinax gr. Perpusillus) que não havia sido descrita, ou seja, era nova para a ciência.
Segundo o projeto Ilhas do Rio, o nome da ilha principal, que batiza o arquipélago, deriva de “cagada”, devido às manchas brancas características, causadas pelos excrementos das aves marítimas, chamado de guano.
A outra ilha principal, chamada de Comprida, aparece nos mapas antigos como Ilha Tapera, indicando a utilização do local pelas populações indígenas. Tapera, em tupi, significa casa abandonada. Em 2011, foram encontrados na Ilha Redonda artefatos de pedra e cacos de cerâmica datadas do ano de 1490, identificados como um sítio arqueológico tupi-guarani e registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O arquipélago foi objeto de estudo do naturalista Charles Darwin, responsável pela teoria da evolução, descrita no livro "A Origem das Espécies". O então jovem cientista, com apenas 22 anos, integrou a expedição do navio HMS Beagle, iniciada em 1831, que teve o objetivo de mapear a América do Sul.
A rota começou na Inglaterra, em 10 de fevereiro de 1831, e fez 43 paradas, passando pelo Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru e Equador, com ênfase no Arquipélago de Galápagos. Em seguida foi para o Taithi, Nova Zelândia, Austrália e África.
Segundo o projeto Pelos Caminhos de Darwin, da Universidade de Brasília (UnB), o Beagle chegou ao Rio de Janeiro no dia 5 de abril de 1832, onde Darwin desembargou e passou três meses, enquanto o navio voltava a Salvador para fazer novas medições. Darwin publicou "A Origem das Espécies" em 1859.
Fonte: Agência Brasil
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