Gose deu as caras no Mondial de la Bière
Um estilo não muito comum, Gose, deu “pinta” no Mondial de la Bière. Trata-se de uma cerveja ácida que tem como principal característica ser salgada. Ou seja, o sal é um dos seus ingredientes. Mas como faz parte da “graça” da cerveja artesanal desafiar os estilos, no festival, algumas marcas brincaram com o salgado e o doce em Goses originais.
Oito marcas levaram 11 rótulos de Gose para o Mondial. Perto da quantidade de IPAs, NEIPAs (New England IPA) e RIS (Russian Imperial Stout), no cardápio do evento, pode parecer pouco. Porém, para um estilo alemão que quase desapareceu do mapa e que poucos ainda hoje conhecem, é uma bela proeza.
Foi uma Gose a aposta da Noi (Niterói, RJ) para lançamento no próprio Mondial. Com 4.9% de ABV e 13 de IBU, a Gut Oktober SauEr, além do sal e do coentro (também característico do estilo), teve adição de coco, lúpulo Sorachi Ace (que tem aroma e sabor de limão com notas de chá e sementes de coentro) e cascas de frutas cítricas (como lima e limões kafir e siciliano). Resultado: o coco deu uma leve “quebrada” no salgado e o resultado se traduz em refrescância.
Quem fez essa brincadeira salgado X doce de forma mais “radical” foi a Alpendorf (Nova Friburgo, RJ), que levou para o Mondial uma Imperial Gose com Caramelo Salgado (4,2%). Pelo aroma você jura que vai “comer” um pudim. Mas é uma Imperial Gose, então, a cerveja jamais seria adocicada. E por ser Gose, é necessariamente ácida. O resultado, é uma cerveja delicada e equilibrada, com notas de toffee no final do gole.
História
Por ter chegado perto de ter sido extinto, Gose costuma ser classificado como Historical Beer em guias de estilo de cerveja.
Sua origem data do século 13. Era produzido na cidade mineira de Goslar com as águas do rio Gose que cortava a região. Águas salobras. Não se sabe bem o motivo pelo qual essa cerveja parou de ser produzida por lá e passou a ser produzida na quase vizinha Leipzig (em tempos atuais, distantes cerca de uma hora e meia de carro).
Fato é que a cidade passou a ser referência para o estilo Gose: em 1900, Leipzig tinha 80 bares de Gose. A produção desse tipo de cerveja reduziu drasticamente após a Segunda Guerra Mundial e foi dada como terminada em 1996. Foi após a queda do Muro de Berlim (1989) que o estilo voltou a ser produzido por alguns cervejeiros alemães mais idosos.
Gose é uma cerveja de trigo que, além de salgada, tem como característica o uso do coentro fresco na sua receita. Aqui uma observação: a Lei da Pureza Alemã foi uma invenção bávara e só valia para aquela região do país, ou seja, estava “liberado” o uso de adjuntos em outros cantos da Alemanha.
A recente moda das cervejas ácidas está na origem do resgate do estilo Gose. Que não deve ser confundido com Gueuze, que é uma cerveja também de trigo e também ácida, mas de origem belga. E que não é salgada.
Goses do Mondial
A Alpendorf também levou a Margherita Gose ( 4,2%) feita com manjericão, sal rosa e um toque de tomate. Ou seja, é quase uma pizza de beber.
Juan Caloto - El Enigma De La Serpiente Pela Mitad (stand Beer Underground) - Gose com Limão Cravo (4,8%)
A Doutor Duranz também tem duas Goses no cardápio, ambas colaborativas com a Brassaria Matriz:
Imperial Gose com Tangerina (8.8%)
Gose Marguerita (4.4%)
Growlers2Go - Isso, Isso, Isso! Sour Gose com Tamarindo (4,5%)
Brassaria Matriz (Stand da Rota Cervejeira RJ) – Veranear - Gose com goiaba e maracujá (4,5%)
Three Monkeys também com duas do estilo:
Gazpacho - Gose com tomate e pepino (4,6%)
Kiro Sour - Gose com gengibre, mel e vinagre de maçã (4,6%)
Wals – Gose Blueberry e Sal do Himalaia (3,8%)
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