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Sônia Apolinário

Growler de cerveja artesanal também chega ao marketplace de supermercados

Growler de chope produzido por cervejaria artesanal em marketplace de grande rede de supermercado? Sim, temos. E não satisfeita, a paulista CyBEER Lab informa que, em breve, vai atender pedidos vindos de qualquer lugar do país.



Uma característica do growler é permitir levar chope tirado diretamente do barril, ou seja, fresco, para casa. Porém, a bebida precisa se manter refrigerada e ser consumida em, no máximo, cinco dias, ou perderá suas principais características. Quando aberto, é recomendado que o consumo da bebida seja feito em 24 horas.


Gabriel Borges Nunes, sócio da CyBEER Lab, explica que um determinado tipo de envase de contrapressão garante uma carbonatação de maior duração para os seus growlers. Já a estratégia para manter o chope fresco por mais tempo, até chegar no consumidor, passa pela guarda da embalagem em uma câmara fria e entregas feitas no mesmo dia. Ele conta que, no momento, está desenvolvendo uma embalagem que vai lhe permitir entregar growler com cerveja em qualquer lugar do país. Via Correios.


Segundo Gabriel, as cervejas nas embalagens pet têm as mesmas qualidades (e características) das que vão para a lata. E ele não se fez de rogado e colocou as latas no mesmo marketplace.



“Queremos atingir diferentes mercados. O público do supermercado, geralmente, está buscando o melhor preço. O litro do growler sai mais em conta do que uma lata com menos de um litro. Como ainda somos novos no mercado, quero que nos conheçam e o marketplace de um supermercado é uma grande vitrine. Coloquei o growler e depois as latas. As pessoas ficam curiosas e arriscam experimentar o growler. Na embalagem tem um QR Code com nossas informações e o que está acontecendo é que as pessoas compram, primeiro, no supermercado e, depois, compram direto conosco, na fábrica”, comenta Gabriel.


Para ele, não tem “tempo ruim” na hora de buscar um novo canal de venda. Tanto que os primeiros consumidores da CyBEER Lab foram seus vizinhos do condomínio onde mora, em São Paulo. Na verdade, os primeiros a experimentar sua cerveja foram seus colegas de trabalho, mas, nesse caso, as produções ainda eram caseiras.


Carioca, Gabriel trabalha com segurança de informação (cyber security) em um banco de investimentos. Há cerca de quatro anos, a empresa o transferiu para São Paulo. Ao dar adeus a um estilo de vida que incluía morar de frente para a praia e surfar, ele tratou de arrumar uma forma de ser feliz na nova cidade. Achou que mais trabalho cairia bem: abriu uma loja de insumos cervejeiros onde também passou a vender alguns rótulos de marcas artesanais. E seguiu fazendo suas brassagens caseiras, inclusive na loja.


No banco, treinar equipe com simulações de cyber ataque é comum. Em uma das vezes, o vencedor de uma “rodada” ganhou uma cerveja produzida pelo chefe. Foi o suficiente para os colegas pedirem mais simulações. E dar cerveja de presente foi virando rotina. E o sucesso das bebidas lançou um “por que não?” no pensamento de Gabriel.


Com o empurrãozinho de um sócio investidor, em janeiro de 2020, começaram as obras que transformariam a loja de insumos em cervejaria. Ao mesmo tempo, Gabriel fez uma produção cigana dar início à divulgação da futura marca.


Quando seus 600 litros de IPA em barris ficaram prontos, a pandemia deu o ar da graça e fechou bares e restaurantes onde ele pretendia apresentar e vender seu chope. Com a bebida encalhada, o que lhe restou foi uma solução caseira, literalmente.


“Moro em um condomínio com 600 apartamentos. Coloquei um freezer na varanda, comecei a fazer fotos das cervejas e mandar para os vizinhos. Naquela época, as pessoas estavam, em grande maioria, realmente sem sair de casa. Vendi tudo em um mês e fiz uma nova produção”, conta Gabriel que foi atrás de mais clientes em condomínios próximos.


No verão do ano passado, quando a piscina do seu prédio foi liberada para uso dos moradores, ele instalou um mini taproom no deck. Também passou a ser o fornecedor oficial de cerveja para vários happy hours virtuais promovidos por empresas de tecnologia para seus funcionários. E assim, o primeiro ano da pandemia passou, enquanto as obras da cervejaria avançavam.


Em dez meses, ele concluiu a obra e tirou o Mapa. Nesse período, ele já vinha produzindo e estocando. Em fevereiro de 2021, quando estava pronto para inaugurar seu brewbup, nova “rodada” de fase vermelha da pandemia, em São Paulo, não permitiu que o estabelecimento fosse aberto. Lá estava ele com cerveja “encalhada” outra vez.



“Foi um baque. Mas o delivery explodiu. E eu estava preparado porque, junto com a inauguração da cervejaria, coloquei o e-commerce no ar. Mais uma vez, vendi muito para o condomínio, mas não só para lá”, conta.


A CyBEER Lab fica em uma casa de 240 metros quadrados, em Moema. A cervejaria tem capacidade para produzir três mil litros por mês, podendo chegar a 10 mil litros por mês. O bar é abastecido com 14 torneiras e um restaurante. A loja de insumos ainda tem seu espaço no local, onde um enorme Silo cervejeiro, bem na porta, chama a atenção das pessoas. O silo, porém, não é só para decoração. Em dia de evento, o público se serve diretamente da sua torneira.


Gabriel batizou seus rótulos, com visual ao estilo Animes, com nomes relacionados com tecnologia de segurança como Exploit IPA ou Brut Force IPA. Das 15 receitas da CyBEER Lab já produzidas, apenas as Lagers e IPAs estão disponíveis no marketplace do supermercado. Elas também abastecem o bar da fábrica ao lado de estilos como como Oatmeal Stout e Sour (de Goiaba).


Sobre a experiência com o marketplace de supermercado, Gabriel acredita que pode ser melhorada a partir de uma medida que está prestes a colocar no ar: mudar a forma de se comunicar com o público, deixando de lado os jargões cervejeiros. Ele também já iniciou “tratativas” junto ao marketing do supermercado para que a rede faça uma campanha “um pouco mais educativa” do que significa uma cerveja artesanal. De acordo com a percepção de Gabriel, para esse tipo de público, “tudo o que é diferente de American Larger é considerado artesanal”. E os grandes grupos agradecem.


A CyBEER Lab chegou no marketplace de rede de supermercado em abril e, no momento, está disponível apenas para a cidade de São Paulo. A previsão é começar a entregar growlers e latas da marca, para todo o país, a partir de agosto. Na mesma data, a cervejaria vai lançar um clube de assinaturas. Como Gabriel (foto) vai garantir o chope fresco via correio, ele não contou.


“Inovamos na maneira de envasar. Agora, será a vez de fazer o mesmo com a embalagem para uso dos Correios. A minha estratégia é de venda direta para o consumidor. Sem cadeia de distribuição, fico com um preço melhor. Entrei para o marketplace do supermercado porque é uma baita vitrine para expandir a marca. Claro que tive medo do que poderia acontecer com a bebida, mas o método de envase que criei funcionou. Eu quero vender a cerveja e não ter problema com ninguém em relação à qualidade da bebida. Principalmente com meus vizinhos”, comenta.


Gabriel afirma que ideias não faltam, seja para receitas de cerveja, seja para expandir os negócios. Se a marca ficar forte como pretende, pode ser até que ele amplie a rede de bares. No momento, a cervejaria conta com cinco funcionários. Gabriel continua dividindo seu tempo entre fermentadores e cyber segurança. Também manteve a rotina de entregar pessoalmente os pedidos para seus vizinhos do condomínio.


“Meu maior desafio foi passar do amadorismo para o profissionalismo. O que eu fazia era apenas um hobby. De repente, fazemos um investimento alto e expectativas são criadas. Tive que aprender a resolver os gargalos da produção e manter sempre o mesmo padrão das receitas. Conseguir replicar as receitas é importante e estamos conseguindo. São muitas decisões que tomamos, a todo momento. Acredito que o mercado de São Paulo ajuda para que a marca evolua. No Rio, as pessoas são mais territorialistas e fazer negócios é mais difícil. No final das contas, trabalho em um banco de investimentos. Então, estou aplicando tudo o que aprendi no banco no meu próprio negócio”.


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