Por um décimo, Imperatriz Leopoldinense vence o Carnaval 2023 do Rio
Um décimo. Essa foi a diferença de pontuação entre as escolas de samba Imperatriz Leopoldinense e Unidos do Viradouro. Foi o suficiente para garantir o campeonato para a agremiação de Ramos, subúrbio do Rio de Janeiro. A escola de Niterói conquistou o vice-campeonato e, no próximo sábado (25) participa do desfile das campeãs.
Também voltarão ao Sambódromo do Rio de Janeiro Acadêmicos do Grande Rio (6º lugar), Estação Primeira de Mangueira (5º), Beija-Flor de Nilópolis (4º) e Unidos de Vila Isabel (3º).
Dentre as escolas que desfilaram no Grupo Especial, foi rebaixada a Império Serrano que, em 2024, voltará a se apresentar na Série Ouro do Carnaval carioca.
Já a campeã da Série Ouro, em 2023, foi a Porto da Pedra, de São Gonçalo, que, no próximo ano, volta a desfilar no Grupo Especial.
Harmonia
A primeira nota recebida pela Viradouro assim que começou a apuração dos resultados foi um prenúncio do que aconteceria: 9,9 em harmonia. Após o desfile, especialistas tinham avaliado que a vermelho e branco fizera um desfile tecnicamente perfeito.
A bateria de Mestre Ciça, também apontada como “espetáculo à parte” foi outro quesito que não obteve somente notas dez.
A Imperatriz há 22 anos não conquistava um campeonato. Este ano, a escola teve como enredo “O Aperreio do Cabra que o Excomungado Tratou com Má-Querença e o Santíssimo não deu Guarida”. Resumindo: sobre Lampião. A filha do cangaceiro, Expedita Ferreira, de 90 anos, desfilou no último carro alegórico (foto no alto).
O carnavalesco foi Leandro Vieira, ex-Mangueira, que chegou na Imperatriz em 2020, quando a escola estava no grupo de acesso. Foi campeão, mas no retorno ao Grupo Especial, a escola chamou de volta sua carnavalesca de vários antigos carnavais: Rosa Magalhães. O desfile só foi realizado em 2022, por conta da pandemia do Coronavírus e o resultado foi o 10º lugar, o que rendeu o convite para Vieira voltar para a Imperatriz.
A vermelha e branco teve como enredo a história de Rosa Maria Egipcíaca, considerada a primeira mulher negra a escrever um livro no Brasil. O livro em questão é a “Sagrada Teologia do Amor Divino das Almas Peregrinas”. São 250 páginas onde ela descreve sua experiência sensorial de contato com Jesus Menino.
Na avaliação do jornalista Bernardo Araújo, que acompanha profissionalmente o Carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro há 30 anos, o resultado foi “justíssimo”:
– A Imperatriz fez o melhor desfile que eu vi. Achei que os jurados não concordariam comigo, mas acho que viram o mesmo desfile que eu.
Na sua opinião, o que mais atrapalhou a Viradouro foi o samba-enredo, “muito lento, sem explosão”, o que acabou rendendo perda de pontos.
– Achei que a escola foi beneficiada nas notas de samba-enredo. Sobre a perda de pontos na bateria, acho que foi por causa do samba. A bateria tentou uma levada mais animada, mas o samba não permitia.
A Viradouro começou a desfilar no Rio de Janeiro em 1986 em grupo de acesso. Em 1991, chegou ao Grupo Especial pela primeira vez. Depois de dois rebaixamentos, voltou à elite das escolas de samba do Carnaval carioca em 2019 como vice-campeã; no ano seguinte, sagrou-se campeã e, em 2022, ficou na terceira colocação.
Nas redes sociais da escola, uma postagem sobre o vice-campeonato está acompanhado do seguinte texto:
“Depois de muito trabalho, levamos para a Sapucaí toda nossa garra, amor e devoção à Viradouro e à Rosa Maria, com a ajuda de uma comunidade completamente entregue e apaixonada. Agradecemos a todos aqueles que fizeram parte desse desfile inesquecível. O brilho no olhar continua pra sempre”.
Confira o resultado na íntegra do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
Publicada originalmente no site A Seguir Niterói
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