Um 'desafio' Witbier
Rótulos mundialmente populares, a belga Hoegaarden e a norte-americana Blue Moon são cervejas do estilo Witbier. Ou seja, são feitas à base de trigo, levam adição de especiarias e têm como uma das principais características ser uma bebida bem refrescante.
Witbiers podem ser uma ótima porta de entrada para o mundo das cervejas artesanais. Por ser leve, refrescante, frutada e praticamente sem amargor (entre 8 e 20 IBU), durante muito tempo, se disse que Witbier era “cerveja de mulher”. Atualmente, os cervejeiros, têm dado pouca atenção ao estilo.
Como eu nunca tinha experimentado uma Blue Moon, resolvei fazer esse “desafio”.
A vencedora, de goleada, foi a Hoegaarden (Ambev) que, em garrafa, é belga; em lata é made in Brasil, feita na cervejaria Bohemia, em Petrópolis (RJ). Nesse "duelo", a garrafa foi a vencedora.
A Blue Moon é team Heineken.
Hoegaarden X Blue Moon
Em uma degustação às cegas, eu teria dificuldade de acertar que a Blue Moon é uma Witbier. A receita original belga foi tão americanizada que perdeu parte das características que se espera do estilo. Na Blue Moon, o amargor chama atenção quando não deveria e eu não tive percepção de condimento. A laranja marca presença no sabor.
Na Hoegaarden, o condimento está no aroma e sabor. Na boca, é uma cerveja mais aveludada com um ligeiro adocicado que vai se tornando cítrico. O rótulo tem 4,9% de teor alcoólico contra 5,4% da Blue Moon. A Hoegaarden tem 13 IBU e a Blue Moon tem 9 IBU.
Esse estilo de cerveja foi criado há mais de 400 anos. No século 20, foi saindo de moda e deixando de ser produzido. O estilo foi dado como morto em 1950. Porém, cerca de dez anos depois, voltou à vida pelas mãos do cervejeiro belga Pierre Celis. Ele criou uma cerveja utilizando os ingredientes mais tradicionais do estilo: sementes de coentro e raspas de laranja. Batizou a “novidade” com o nome da sua cidade natal: Hoegaarden.
O norte-americano Keith Villa se encantou com o estilo que conheceu por conta de uma viagem à Europa. A Blue Moon foi criada em 1995. No estádio do time de basebol Colorado Rockies, a Coors instalou um brewpub cuja produção ficava a cargo da pequena Sandlot Brewery, pertencente ao grupo, e Keith assumiu seu comando. Foi lá que ele criou a Bellyslide Belgian White, que depois seria rebatizada como Blue Moon – Bellyside é o nome de uma manobra do basebol. Inicialmente, a Coors não deu a menor bola para a nova cerveja.
O rótulo da Hoegaarden informa que seus ingredientes são malte de cevada, trigo, especiarias, coentro, casca de laranja e lúpulo. Já a Blue Moon, de acordo com seu rótulo, é feita com malte de cevada, malte de trigo, extrato de lúpulo, aveia, casca de laranja e coentro. As marcas usam leveduras diferentes.
Na sua receita, Keith Villa usou laranja Valência, produzida nos EUA, e mais doce do que a Curaçau, normalmente utilizada em cervejas do estilo. A morna receptividade inicial para a sua cerveja mudou depois que ele criou uma bossa: usar uma rodela de laranja na decoração do copo. Atualmente, a Blue Moon integra o ranking das 20 mais consumidas, nos EUA.
É uma cerveja ruim? Não, mas se sua vontade for beber uma Witbier, a Hoegaarden não vai desapontar.
Hoegaarden garrafa X Hoegaarden lata
No olho, são praticamente idênticas. No aroma e sabor, porém, a garrafa se apresentou mais aromática e carbonatada. Na lata, aroma e sabor passam bem mais longe. E, no meu caso, a garrafa estava bem mais próxima do vencimento do que a lata, respectivamente, abril e setembro de 2022.
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